Controle de Dados Pesqueiros de Base Comunitária

Vivemos em uma era onde informação é sinônimo de poder. Para grupos, associações e coletivos, é uma forma de defender os próprios interesses. Olhando por esse prisma, o Instituto Maramar acredita que toda informação relativa a custos e ganhos das pescarias deveria estar registrada e organizada pelo próprio setor da pesca artesanal. Note que mesmo nesse acidente de grandes proporções, o setor pesqueiro artesanal não conseguiu informar com dados concretos e robustos o quanto perderam ou teriam ganhado caso o acidente não tivesse ocorrido. Informações relativas a áreas de produção, qualidade do produto e safras ajudariam a valorizar um setor que é responsável pela produção de um alimento único, o pescado. Ter acesso a uma base de dados organizada também seria importante para propor medidas de gestão e tomadas de decisão coletiva em prol da categoria.

Tempo é dinheiro também na pesca

A idéia de que todo a atividade necessita de um mínimo de infra-estrutura para se tornar viável não é diferente na pescaria. Em um trabalho construído por nosso corpo técnico de Cartografia dos Territórios Pesqueiros quebramos a cabeça pra tentar organizar a informação de forma que visualmente demonstra o alto custo imposto às atividades de pesca diante da falta de estrutura de apoio. Avalie cuidadosamente o mapa e o texto que segue que explicamos o motivo.

O mapa acima é parte de um trabalho em atendimento ao órgão licenciador do Estado de São Paulo (CETESB) dentro do Processo SMA 101/2011. A propositura de uma séríe de mapas faz parte da metodologia do Cartografia dos Territórios Pesqueiros desenvolvido pela organização visando registrar de maneira clara e inequívoca a realidade pesqueira.

Este mapa temático busca apresentar os custos envolvidos nas pescarias. As principais rotas percorridas para compra de insumos essenciais (combustível, gelo e rancho) são apresentadas em diferentes cores. Também podemos observar os pontos mais utilizados para aquisição desses insumos (postos, mercados etc…) nos bairros Itapema, Ilha Diana, Monte Cabrão e Caruara. O gráfico compara as distâncias percorridas para a aquisição de cada insumo e com isso possibilita a comparação entre os bairros trazendo uma noção dos custos das pescarias pois como sabemos, longas distâncias geram custos maiores, seja pela necessidade de mais insumos ou pelo tempo gasto para buscá-los. Note que enquanto no bairro Itapema os insumos são adquiridos em comércios próximos aos pontos de embarque, no bairro Caruara a obtenção desses insumos depende de deslocamentos maiores.

O mapa acima é parte de um trabalho em atendimento ao órgão licenciador do Estado de São Paulo (CETESB) dentro do Processo SMA 101/2011. A propositura de uma séríe de mapas faz parte da metodologia do Cartografia dos Territórios Pesqueiros desenvolvido pela organização visando registrar de maneira clara e inequívoca a realidade pesqueira.

Este mapa, também relativo aos custos das pescarias, apresenta a relação de tempo necessária para a aquisição dos insumos (amarelo), o tempo da própria pescaria (laranja) e o tempo de escoamento da produção (azul). A distribuição desses tempos gastos para os bairros dividem-se por equipamento de pesca. No gráfico maior (centro à esquerda) vemos os gastos médios de tempo por bairro. Também podemos visualizar neste mapa as rotas de compra de insumos e de escoamento da produção nas mesmas cores dos gráficos (amarelo e azul respectivamente). Observamos na compilação dessas informações que as “barras” em que as extremidades são menores temos as pescarias mais vantajosas economicamente pois gastam menos tempo e consequentemente menos dinheiro com compra de insumos e escoamento da produção. Por exemplo, Monte Cabrão possui um tempo menor para a aquisição e escoamento da produção enquanto que Ilha Diana em oposição leva um tempo maior para comprar materiais para pescarias e levar a produção nos pontos de venda. #AcordoDePesca.

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